La vie em close II
Nossas verdades…
as mais difíceis e duras,
as mais arcaicas e infantis,
as mais reprimidas e desinibidas,
todas expostas e enfileiradas
sob uma luz fria e transparente.
Verdades nuas e cruas,
sólidas, líquidas, fluídas,
em tons acinzentados,
esverdeados e lilases,
com seus contornos disformes,
com linhas abertas, lançadas ao horizonte.
Nossa humanidade,
contraditória, complexa,
racional, emocional,
orgânica, visceral,
fraca e temerosa,
com seus pedaços jogados pelo chão.
Nossas memórias,
do vivido e sonhado,
dos amigos e parentes,
arquivadas em pastas,
pacotes, baús, porões
sotons e sepulcros.
Nossas marcas,
deixadas em tudo que fazemos ou tocamos,
uma parte do que somos,
tatuadas em gente, em coisas, no trabalho,
marcas, as vezes feitas a ferro e fogo
marcas inscritas na pele.
Nossas músicas,
sonoridades em construção,
ritmo, melodia e harmonia,
que falam ao corpo, a mente, e emoções.
Músicas emprestadas de outros
para comunicar sentimentos próprios.
Nossos sons,
mais internos e profundos,
viscerais e involuntários,
um coração pulsante,
uma respiração ofegante,
uma mente ruidosa.
Nossas (in)capacidades
fonte inesgotável de possibilidades,
de novos horizontes,
impulso para criar, redescobrir-se,
reencontrar-se,
limites que apontam para o novo.
Nossas vidas,
filmadas, fotografadas,
por lentes que amplificam
a alegria e a dor.
É a vida em close
pra quem quiser e puder ver .
N.N.A 28/06/2008
Foto: Mari Suoheimo Nascimento