A multidão te segue, o peso dos pecados nos ombros. Silencias. Não olhas para trás. Sem arrependimentos. Segues em frente. Só por amor.
#PoemasQuarentena1
Vida
En unge till – “Lennart Nilsson”
A vida é tão interessante, tão bonita, tão paradoxal, tão rica, tão distinta, tão autêntica, tão simples, tão complexa, tão orgânica, tão social, tão vívida, tão colorida, tão doce, tão amarga, tão brilhante… A Vida chora, ri, sangra, cresce, pulsa, borbulha, treme, pinica, corta, range, sussurra, descansa, grita, respira, repulsa, enjoa, cansa, deita, levanta, insiste, persevera, tolera, teima, torce, canta, silencia, procura, encontra, perde, acha, adoece, sara, pulsa, queima, ganha, perde, soluça, sente, flui, corre, morre e ressuscita. Como vivê-la? Vivendo.
noemi n. ansay
Menina Caiçara
Menina Caiçara
para minha filha
Plena de si, menina-mulher caiçara,
renasceu bem ali,
entre o mar e a terra,
no encontro das águas doces e salgadas.
Tão doce, coração meigo,
protetora das coisas da terra,
abrigo para pequenos seres,
uma árvore plantada, bem no meio do manguezal.
Mergulhou fundo nas águas limpas,
da Ilha das Peças, de Guaraqueçaba e do Superagui,
brincou com as crianças no trapiche e na praia,
feliz, voltou no tempo, tornou-se uma delas.
Andou descalça pela areia,
tomou banho de chuva,
viajou de canoa pelos povoados,
pescou, limpou, cozinhou e comeu.
Filha de terras caiçaras, terra dos avós e bisavós,
terra de manguezais: branco, vermelho e amarelo.
das Aroreiras, do Araticum-do-brejo, do Cebolão, da Bacopa, do Marmeleiro,
do Hibisco da praia, da Capororopa e da Samambaia do Mangue.
Terra dos golfinhos, onça-parda, cotias,
capivara, catetos, lagartos,
tucanos, papagaios e guarás,
tamanduás, jacus e do bugio.
Terra do Fandango Caiçara
batido, bailado ou valsado
da viola e tamancos,
com seus toques, versos e estruturas.
Terra que confia na proteção do Divino e no Bom Jesus do Perdão,
que ouve em silêncio os conselhos dos avós e avôs,
guardiões de sabedoria e dos remédios caseiros:
chás, guarrafadas, suadouros, unguentos e cataplasmas.
Terra de pescadores, agricultores,
que vivem em harmonia com a natureza,
hospitaleiros, simples, sustentáveis e amáveis,
terra da Vó Maria e Vô do Cezino,
terra onde mora nosso coração, nossas origens e nossa alma.
Noemi N. Ansay
Imagens: Fotos da Ilha das Peças e Guaraqueçaba
eBOOK – Livro Portas Abertas: a poética do cotidiano
ACESSE O EBOOK NO LINK
Em 2010 depois de compilar textos que estavam espalhados em pastas do meu computador, fruto de indagações, pensares e afetos, lancei o livro Portas Abertas: a poética do cotidiano. Uma produção feita a muitas mãos, agradeço a designer finlandesa MARI SUOHEIMO que fez a capa, cedeu lindas imagens e formatou este ebook, a minha amiga Profª Drª SÍLVIA ADREIS WITKOSKI que fez a revisão geral, a minha amiga e professora MARIANA ARRUDA, que fez a editoração e a querida Ana Maria Feres que fez a revisão dos textos.
Dos 600 livros impressos, hoje só tenho um na prateleira. O que aprendi nestes 7 anos, com meu primeiro livro:
– Não espere outras pessoas para concretizar seus planos.
– Faça algo com planejamento e dentro de suas possibilidades financeiras.
– Conte com seus amigos e amigas, como leitores e apoidores.
– Permita-se acertar e errar. E como já dizia Leminsky:
inverno
primavera
poeta é
quem se considera
Amorosidades
Amorosidades
uma carta, raio de sol, atravessa
o céu cinzento de Curitiba,
texto que abraça, faz cafuné,
aquece no frio,
beija a cada sílaba.
uma plantinha medicinal
suculenta, aloe vera
cicatriza, assepsia, regenera,
bendita Babosa, pouco exigente,
dá mais do que pede.
um sabonete perfumado,
de manteiga de Cupuaçu,
limpa, acalma, suaviza almas ressecadas,
traz alento e suavidade,
carinho na forma de um pequeno retângulo.
delicadezas e mimos
do coração reluzente da Luane
e do coração forte como de um urso do Bernardo.
Noemi Ansay
Minha Irmã Finlandesa
Minha Irmã Finlandesa
para Mari Suoheimo
Sim, a contragosto
aprenderei novamente
a ressignificar a palavra saudades.
Essa nostalgia que chega de mansinho,
uma mistura fina de tristeza e alegria,
e que vai ocupando todos os espaços.
Hoje, não há o que dizer,
só ficará o vazio da sua presença
um dia nublado, tão comum em Curitiba.
Nas memórias de curta e longa duração,
ficarão as lembranças do partilhar a vida,
os dias de sol e chuva,
As viagens, as refeições,
dias de Natal e aniversários,
imagens, sons e aromas.
Seus olhos tão azuis e brilhantes,
seus cabelos tão clarinhos,
sua natureza nórdica, silenciosa e fina.
Sempre achei curioso,
que em você o minimalismo,
ocupasse tantos espaços.
Sim, preenchias o tempo e o lugar,
com seus gestos de carinho,
com seu sorriso de menina.
Sua devoção as artes,
ao cozinhar, as flores,
aos amigos e estudantes.
Sei, que deixas aqui um pedaço de ti,
peço que também nos leve na bagagem e no coração,
aprendemos com tudo nesta curta passagem pela terra dos viventes.
Seremos irmãs para sempre,
se não de sangue e de idioma,
mas de alma e coração.
Gratidão para sempre,
Kitos, Kitos, Kitos.
Noemi N. Ansay
06/09/2017
A Ruiva
A Ruiva
Tudo nela era ruivo,
rubro da cor de um poente,
o caminhar era coral,
o olhar purpúreo,
mãos e pés tinham tons avermelhados,
e nossa amizade lembrava todos os tons de vermelhos:
do carmim, granza, alizarina, carmesim, solferino até o escarlata.
Hoje, se nenhum ruivo e ruiva passam desapercebidos diante dos meus olhos
a culpa é só dela, minha querida amiga de infância,
Viviane: “aquela que é ruiva e cheia de vida”.
( Noemi N. Ansay)
Quando eu tinha 11 anos, fui estudar no Colégio Estadual Pedro Macedo, no Portão, lá encontrei uma grande amiga, Viviane, com quem partilhei minhas alegrias e tristezas de adolescente. Frequentava sua casa e ela a minha, escutávamos músicas em fitas cassete, ensaiávamos coreografias e estudávamos juntas. Admirava sua força, coragem, inteligência e seus lindos cabelos ruivos. O tempo passou e hoje, depois de 33 anos nos reencontramos, compartilhamos nossas alegrias como mães, nossos desafios profissionais, relembramos nossos professores e amigos. Não tenho palavras para agradecer esse momento e admirar a importância que os amigos e amigas têm em nossas vidas. — sentindo-se agradecida .
26/09/2017
Hiroshima, 72 anos da bomba
Hiroshima, 72 anos de uma barbárie, onde seres humanos jogaram intencionalmente uma bomba nuclear em outros seres humanos.
Hiroshima ou Hiroxima (広島市, Hiroshima-shi) é a capital da província de Hiroshima, no Japão. É cortada pelo rio Ota (Ota-gawa), cujos seis canais dividem a cidade em ilhas. Cresceu em torno de um castelo feudal do século XVI Recebeu o estatuto de cidade em 1558.
Em 6 de agosto de 1945, foi a primeira cidade do mundo arrasada pela bomba atômica de fissão denominada Little boy, lançada pelo governo dos Estados Unidos, resultando em 250 000 mortos e feridos.
Wikipedia
Hiroshima
Quando a dor abateu teu coração
e a morte chegou sem avisar.
Quando as rosas murcharam
e teu corpo foi ferido.
Quando as casas caíram
e tuas crianças morreram.
Levantaste das cinzas,
resiliente,
plantastes rosas,
ergueste teus muros e casas.
Não importa o quanto os maus investirem,
o ódio e a vingança não compensam,
por fim o AMOR vencerá.
Noemi N. Ansay
O Memorial da Paz de Hiroshima, chamado Cúpula Genbaku (原爆ドーム) ou Cúpula da Bomba Atômica pelos japoneses, localiza-se em Hiroshima, Japão. O hipocentro da explosão atômica de 6 de Agosto de 1945 situou-se apenas a 150 metros de distância do edifício, que foi a estrutura mais próxima a resistir ao impacto.
A Cúpula Genbaku deveria ter sido demolida com o restante das ruínas, mas o fato de ter ficado praticamente intacta adiou os planos. Enquanto a cidade era reconstruída em torno do domo, sua permanência tornou-se motivo de controvérsia; alguns moradores queriam sua destruição, enquanto outros preferiam que a estrutura fosse preservada como um memorial do bombardeio.
Em 1966, Hiroshima declarou a intenção de preservar a agora chamada “Cúpula da Bomba Atómica” de forma definitiva. Trinta anos depois, em dezembro de 1996, a construção foi registrada como Património Mundial da UNESCO, baseado na Convenção sobre a Proteção do Patrimônio Cultural e Natural.
Wikipédia
Rafael Silveira no MON
Circonjecturas Rafael Silveira
Bem no meio
das tuas curvas e retas niemeyerianas
surgem olhos e orelhas curiosas
uma língua imensa
uma boca ávida
por beijar
triturar
digerir
teu imenso
prazeiroso
infinito
surreal
mundo
interior.
Noemi N. Ansay