Ganhei no natal o livro Sabres e Utopias, visões da América Latina do peruano Mario Vargas Llosa, Prêmio Nobel de Literatura de 2010.
Estou impressionada com a objetividade, lucidez e critica dos seus artigos, além do seu forte engajamento politíco.
Reproduzo um pequeno trecho do livro que fala da nossa riqueza latino americana e nossos profundos paradoxos.
” A riqueza da América Latina está no fato de ela ser muitas coisas ao mesmo tempo, o que faz dela um microcosmo no qual coabitam quase todas as raças e culturas do mundo. Cinco séculos após a chegada dos europeus às suas praias, serras e matas, os latino-americanos de origem espanhola, portuguesa, italiana, alemã, chinesa ou japonesa são tão oriundos do continente como os que têm seus ascendentes nos antigos astecas, toltecas, maias, quéchuas, aimarás ou caribes. E as marcas deixadas pelos africanos no continente, onde também estão há cinco séculos, estão presentes por todos os lados : nos tipos humanos, na fala, na música, na comida e até em certas formas de prática religiosa. Não é exagero dizer que não existe tradição, cultura, língua e raça que não tenha acrescentado alguma coisa a esse efervescente redemoinho de misturas e uniões que se realizam em todos os aspectos da vida na América Latina. Esse amálgama é o seu maior patrimônio: ser um continente que carece de identidade justamente porque contém todas elas. E porque continua a se transformar todos os dias.”
LLOSA, MARIO VARGAS. Sabres e Utopias. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, p.317, 2010.
“…ser um continente que carece de identidade justamente porque contém todas elas…”
Gostei deste trecho!
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