


Ontem passeando com a Nicolle, entramos no sebo Fígaro em Curitiba, fomos envolvidas naquele ambiente cativante e nostálgico. O problema é sair dali, porque a cada olhada, cada folhear de um livro, cada vinil antigo, um universo abre-se bem diante dos seus olhos. No meio de tantos achados, encontrei o livro Poesia de Israel, com a tradução de Cecília Meirelles e reproduções fotográficas em alto contraste de desenhos de Cândido Portinari. O livro é de 1962 e o exemplar que adquiri é o Nº 0018. Fiquei encantada e irei ao longo do tempo registrar aqui alguns destes poemas.
Ah….depois da dificuldade de sair do Fígaro, entramos no Empório Al Babá, que perdição….doces árabes maravilhosos….difícil é escolher o que comer….amo doces de rosas, pistache e damasco…
Separação
Um dia, estando entre nós dois o Atlântico,
senti a tua mão na minha;
Agora, tendo a tua mão na minha,
sinto entre nós dois o Atlântico.
Zangwill, Israel (1864-1929)
Rosa Seca
Caiu de um livro no meu regaço
uma dessas velhas
relíquias de um sonho de juventude:
uma rosa seca.
E eu perguntei ao livro de onde vinha
aquela flor.
O livro calou-se: não chegou ao meu ouvido
nem palavra nem som.
Então meus olhos descobriram uma página
onde havia uma nódoa.
Há muito, muito tempo alguém tinha chorado.
Oh, quando e onde?
Beijei a rosa murcha, a rosa seca
e a lágrima também.
Há muito, muito tempo alguém tinha amado:
Oh, quem? e a quem?
Ioash (1870- 1927)
A calma e eu
Ouvi falar da calma.
Não a encontrei.
Pertence a um país
cujo nome não sei.
Está ligada a uma cidade
cujas ruas não atravessei.
Mora numa casa
em cujos peitoris não me debrucei.
É como se a calma
estivesse lá no fim de…
E eu, eu, muito aquém,
como faminto.
Gúri, Haim (1923)
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Gostei muito do poema Rosa Seca. Fascina-me a sensibilidade.
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